AbdonMarinho - LULA, O REGENTE DA REPÚBLICA DE ASA BRANCA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

LULA, O REGENTE DA REPÚBLICA DE ASA BRANCA.

LULA, O REGENTE DA REPÚBLICA DE ASA BRANCA.

No futuro quando olharem para a história do Brasil – se ainda exi­s­tir história tendo em vista a ten­ta­tiva de se implan­tar uma nova «Rev­olução Cul­tural» nos moldes da chi­nesa no século pas­sado –, iden­ti­fi­carão dois perío­dos de regên­cia, o primeiro, de 1831 a 1840, durante a menori­dade do Imper­ador D. Pedro II e, o segundo, a par­tir 2013, por todo o gov­erno da Sra. Dilma Rousseff.

Exis­tem difer­enças entre as duas regências:

Enquanto aquela ocor­rida no Brasil Impe­r­ial foi fruto do man­da­mento con­sti­tu­cional, esta, a atual, acon­tece de forma clan­des­tina, a sor­relfa, como, aliás, é comum neste governo.

Outra difer­ença, quando a primeira regên­cia foi implan­tada, o infante Pedro de Alcân­tara (depois D. Pedro II) con­tava com pouco mais de 5 (cinco) anos, já a atual é feita para o gov­erno da sen­hora Dilma Rouss­eff que conta com quase 70 (setenta) anos.

Quan­tos aos regentes basta dizer que as do Império foram com­postas: a pro­visória por Fran­cisco de Lima e Silva, Ver­gueiro e Mar­quês de Car­ave­las, todos senadores; a Per­ma­nente foi com­posta pelos os dep­uta­dos José da Costa Car­valho, Mar­quês de Monte Ale­gre, da Bahia; João Bráulio Moniz, maran­hense e pelo senador Fran­cisco de Lima e Silva, Barão da Barra Grande, do Rio. As duas unas com­postas, respec­ti­va­mente pelo padre Diogo Anto­nio de Feijó e Pedro Araújo Lima, o mar­quês de Olinda – todos com maior ou menor grau pre­ocu­pa­dos, a seu modo, com os des­ti­nos do país e sua inte­gri­dade –, bem difer­ente do atual regente, o Sr. Luís Iná­cio Lula da Silva, ex-​presidente da República, vez por outra con­vi­dado a prestar esclarec­i­men­tos à Polí­cia Federal.

O Sr. Lula, além de regente, tam­bém se ocupa de exercer a tutela da pres­i­dente da República, papel desem­pen­hado na regên­cia ante­rior por José Bonifá­cio de Andrada e Silva, o patri­arca do Brasil, e tam­bém por Manuel Iná­cio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, Mar­quês de Itan­haém. Não pre­cisamos dizer que a única coisa em comum, por exem­plo, entre José Bonifá­cio e o Sr. Luís Iná­cio é o Silva, pre­sente no sobrenome de ambos.

Já não é de agora que se notí­cia que a pres­i­dente do Brasil entre­gou a tarefa de gov­ernar a pes­soas alheias à estru­tura for­mal do país, prin­ci­pal­mente, ao ex-​presidente Lula.

Não faz muito tempo li a manchete: «Dilma se reúné com Lula para dis­cu­tir a retomada do cresci­mento do país», o título foi mais ou menos este, ou uma estu­pidez semelhante.

Ora, a pres­i­dente da República pode reunir-​se com que quiser. Mas não deixa de ser estranho que faça isso com alguém que não é nada na estru­tura admin­is­tra­tiva, política ou econômica do país. O sen­hor Lula não ocupa cargo nen­hum, não é pres­i­dente de nen­hum par­tido, não é pres­i­dente de nen­huma cor­po­ração de indús­trias, comér­cios ou serviços, não é ninguém na estru­tura for­mal do país. Então, como é que a pres­i­dente da República se ocupa de dis­cu­tir a pauta econômica ou admin­is­tra­tiva do país com alguém que, for­mal­mente, não rep­re­senta ninguém?

A resposta a isso é uma só, o sen­hor Lula assumiu a um só tempo a regên­cia do gov­erno e o papel de tutor da presidente.

A exdrúx­ula influên­cia chega ao ponto de com­pro­mis­sos ofi­ci­ais do gov­erno serem retar­da­dos pelo fato da gov­er­nante está reunida com o «regente», não faz muito vimos a indel­i­cadeza que come­teu con­tra os príncipes japone­ses, fazendo-​os esperá-​la por mais de meia hora, para uma audiên­cia de vinte minutos.

O «regente» clan­des­tino pal­pita sobre todos os assun­tos do gov­erno pas­sando «pito» e ori­en­tações públi­cas à pres­i­dente e aos ministros.

A situ­ação vivida pelo Brasil, uma das maiores econo­mias do mundo, no que se ref­ere aos papéis desem­pen­hados pela pres­i­dente e pelo sen­hor Lula, em muito se assemelha ao da fic­tí­cia cidade de Asa Branca, retratada de forma magis­tral por Dias Gomes, na nov­ela Roque San­teiro. Dilma Roussef no papel do Dr. Florz­inha, rep­re­sen­tado por Ary Fon­toura e o ex-​presidente Lula no papel de Sin­hoz­inho Malta, inigualável rep­re­sen­tação de Lima Duarte.

Os mais anti­gos devem lem­brar, bas­tava o Sin­hoz­inho Malta chegar à prefeitura que o Dr. Florz­inha se lev­an­tava cedendo-​lhe a cadeira de prefeito. Não é difer­ente do que faz a sen­hora Dilma, sabe-​se que em reuniões entre ambos, inclu­sive na pre­sença de min­istros e out­ras autori­dades, ela, a pres­i­dente refere-​se a ele, Lula, como «pres­i­dente», já ele, refere-​se a ela, a pres­i­dente, como «Dilma», não se tem, sequer, o respeito pelo o cargo.

Se na ficção as cenas do Dr. Florz­inha cedendo à cadeira de prefeito ao Sin­hoz­inho Malta eram impagáveis, momen­tos de puro e acabado tal­ento de dois mon­stros da tele­visão brasileira, na vida real, a imagem de uma sep­tu­a­genária pres­i­dente da República, indo vez ou outra a São Paulo pedir con­sel­hos ou atrasando com­pro­mis­sos ofi­ci­ais do gov­erno para ficar tró-​ló-​ló com o sen­hor Lula, que não é ninguém «no jogo do bicho», não tem graça nen­huma. Ape­nas rep­re­senta o quanto que con­seguiram desmor­alizar as insti­tu­ições republicanas.

O Brasil é hoje, dev­ido a esse tipo de coisa, uma nação vista com reser­vas e motivo de riso entre as demais. Viramos uma uma republi­queta de bananas. Somos hoje, assim podemos dizer, uma uma república de Asa Branca, só que real.

Abdon Mar­inho é advogado.