AbdonMarinho - O PARTIDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O PAR­TIDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

O PAR­TIDO QUE NÃO OUSA DIZER O NOME.

O Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, real­i­zou entre os dias 11 e 13 de junho do cor­rente ano, seu quinto con­gresso nacional. Um encon­tro do qual nada se esper­ava e que nada de novo apre­sen­tou. Aguarda-​se para a próx­ima sem­ana o texto com o palavrório do que foi aprovado e recomen­dado. Ou seja, de NADA.

Se há relevân­cia na dita reunião é jus­ta­mente por isso. Ocu­pando o poder por quase treze anos, depois de usarem se lam­buzarem no poder, querem se desvin­cu­lar da respon­s­abil­i­dade que pos­suem por seus equívo­cos como gestores, pela cor­rupção que foi insti­tu­cional­izada na última década, pelo retorno da inflação, pelo baixo cresci­mento, pelas maiores taxas de juros de todos os tem­pos, pelo achata­mento salar­ial dos tra­bal­hadores, pelo desem­prego cres­cente, pela vio­lên­cia, pela angús­tia da sociedade.

O par­tido rep­re­senta bem o que certa vez, noutro sen­tido e con­texto, disse Oscar Wilde: “o amor que não ousa dizer o nome”. Hoje o Par­tido dos Tra­bal­hadores é uma orga­ni­za­ção que exper­i­menta uma semi-​clandestinidade, um par­tido que não ousa dizer o nome. Não sou eu que digo isso, são os fatos. A começar pelas eleições que já não falam em dis­putar par­tidari­a­mente, como fiz­eram tan­tas vezes, com chapa pura, agora só falam em dis­putar se através de um tal cole­tivo de forças ditas pro­gres­sis­tas e com os movi­men­tos sociais.

O par­tido vai à TV e se diz con­tra, por exem­plo, à ter­ce­i­riza­ção da mão de obra. Entre­tanto o mesmo par­tido “ter­ce­i­riza” o gov­erno. Outro dia ouvi da própria pres­i­dente da República que o sen­hor Joaquim Levy não seria um Judas. Em seguida foi a vez do vice-​presidente dizer que o sen­hor Levy seria o próprio Cristo.

Ora, o min­istro da fazenda é o execu­tor de uma política de gov­erno que tem como coman­dantes máx­i­mos a pres­i­dente e seu vice (este além do papel de vice ocupa tam­bém o de artic­u­lador político do gov­erno), bem como os par­tidos que dão sus­ten­tação ao gov­erno, dos quais os prin­ci­pais pro­tag­o­nistas são o Par­tido dos Tra­bal­hadores — PT, da pres­i­dente e o Par­tido do Movi­mento Democrático Brasileiro — PMDB, do vice.

Não existe – como querem – a pos­si­bil­i­dade dos deten­tores do poder escusarem-​se da respon­s­abil­i­dade pelos acer­tos ou erros da política econômica ou de qual­quer outra política a ser implantada.

O sen­hor Levy não é o respon­sável, soz­inho, pelos remé­dios amar­gos que está tendo de aplicar. O sen­hor Levy não ter­ce­i­ri­zou o gov­erno. Estes remé­dios, todos eles, são da Sra. Dilma Rouss­eff e do Sr. Michel Temer, do PT e do PMDB. Eles não podem con­tin­uar no “armário”, se escon­derem de suas responsabilidades.

Chega às raias do ridículo que o par­tido da pres­i­dente ou do vice-​presidente ensaiem oposição ao min­istro da fazenda e às medi­das por ele imple­men­tadas. Ser gov­erno é saber supor­tar o ônus e não ape­nas o bônus do encargo. Bônus, diga-​se de pas­sagem que sou­beram, como ninguém, usar.

A ver­dade, é que com uma política pop­ulista os donatários do poder, prin­ci­pal­mente o par­tido da pres­i­dente, levaram a econo­mia do país à ruína. Aque­les que no primeiro momento fes­te­jaram estão sendo chama­dos à real­i­dade, à dura ver­dade que con­struíram um castelo de car­tas. A conta chega jus­ta­mente para os mais neces­si­ta­dos, é a conta de luz que, prati­ca­mente dobrou nos últi­mos meses, o finan­cia­mento estu­dan­til que ficou muito abaixo do esper­ado, são os repasses dos pro­gra­mas soci­ais que tardam.

Se, durante o período eleitoral, a oposição ao gov­erno e ao par­tido já se mostrou con­sis­tente (basta ver difer­ença min­guada e sus­peita de votos), quando as primeiras medi­das vieram à tona com os aumen­tos dos preços con­tro­la­dos pelo gov­erno, a pop­u­lação sentiu-​se, com razão enganada.

O Par­tido dos Tra­bal­hadores – PT, todos sabe­mos, não tem como fugir desta respon­s­abil­i­dade. Não tem como dizer que não tem nada com o que vem acon­te­cendo. Se plan­taram ven­tos, col­hem tempestades.

As ondas de protestos de março e abril, emb­ora se mostrassem con­trárias ao gov­erno, à cor­rupção e as demais cha­gas da política brasileira, iden­ti­fi­cou no par­tido da pres­i­dente a sua parcela de respon­s­abil­i­dade e pas­sou a cobrar. No con­gresso do par­tido, nos dias acima, tive­mos cenas de enfrenta­men­tos entre pop­u­lares e polí­cia. Os pop­u­lares protes­tavam con­tra o partido.

Acho que nem o a ARENA, par­tido que deu sus­ten­tação à ditadura, enfren­tou protestos deste tipo ou foi tão hos­tilizada quanto o atual par­tido do gov­erno. Cheg­amos ao ponto em que segui­men­tos – e não são poucos – cobrarem uma inter­venção mil­i­tar. Um absurdo.

Esse tipo de cobrança iden­ti­fica muito bem o grau de sat­is­fação da pop­u­lação com o par­tido e o governo.

Um pro­nun­ci­a­mento da pres­i­dente da República em rede nacional de rádio e tele­visão foi acom­pan­hado por “pan­elaços» em diver­sas cidades do país, fazendo com que a mesma ficasse disc­reta no uso destas redes nacionais deixando, inclu­sive, de fazer o tradi­cional pro­nun­ci­a­mento do Dia do Tra­bal­hador; depois a mesma foi vaiada numa exposição para com­er­ciantes; em seguida, jun­ta­mente com o ex-​presidente Lula foram vaia­dos em uma casa­mento; o prefeito de São Paulo, não pode ir a um restau­rante ou teatro senão é vaiado. O mesmo acon­tece com todas as demais lid­er­anças, outro dia foi a vez do Sr. Padilha, que, não faz muito tempo, era min­istro da saúde, hoje está encostado numa das inúmeras “boquin­has» exis­tentes na política nacional, sofrer uma descom­pos­tura pública em um restaurante.

A maior lid­er­ança do par­tido, o Sr. Lula, só con­segue falar em público para a massa de mil­i­tantes, fora disso não ousa aparecer.

O con­gresso do par­tido ter­mi­nou sem que as lid­er­anças, nem para o público interno, fizessem uma “mea culpa”, agem como se não devessem sat­is­fação a ninguém. Colo­cando nos out­ros as cul­pas de seus próprios desacertos.

Pegos na roubal­heira, nas “con­sul­to­rias”, palestras mil­ionárias ou nas propinas que insti­tu­cionalizaram em tudo que é espaço de poder, apre­sen­tam como defesa que out­ros, antes deles, já faziam o mesmo. Quando muito, vêm com a des­culpa de que a propina foi con­tabi­lizada como doação ao par­tido, a insti­tuto, a empresa de palestra, a con­sul­to­ria do Sr. Dirceu e que os impos­tos foram pagos.

Vamos com­bi­nar que é muito pouco para quem prom­e­teu durante as décadas que os ante­cedeu no poder, hon­esti­dade e retidão.

O par­tido depositário de tan­tas esper­anças do povo brasileiro con­seguiu unir mas­sas pop­u­lares con­tra seu pro­jeto político e con­tra as suas lid­er­anças a ponto de até um pro­grama eleitora de 10 min­u­tos ser saudado com o estrondo das pan­elas dos cidadãos de bem e pagadores de impos­tos e das suas lid­er­anças, orig­inárias, muitas delas, das classes pop­u­lares, não poderem fre­quen­tar a feira.

Abdon Mar­inho.