AbdonMarinho - O DESAFIO DO MARANHÃO.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

O DESAFIO DO MARANHÃO.

O DESAFIO DO MARANHÃO.

O governador-​eleito do Maran­hão, Flávio Dino, tem dito com certa fre­quên­cia que sua meta é ele­var o IDH do estado. Não é uma tarefa de outro mundo. Acred­ito colo­cando o poder pub­lico a serviço da sociedade e não o apar­elho estatal a serviço dos apanigua­dos do poder, e temos inúmeros exem­p­los, disso basta ver as sequên­cias de de demis­sões pro­movi­das pela atual gov­er­nante, mostrando cen­te­nas de pes­soas recebendo dos cofres públi­cos, sem que, ao menos a grande maio­ria, faça a con­traprestação de serviço; colo­cando os con­tratos públi­cos nos seus preços reais ou com a exe­cução den­tro do pactu­ado, poder­e­mos colo­car o Maran­hão no cam­inho do desenvolvimento.

Ainda assim, será uma tarefa mon­u­men­tal. Con­trar­iando a pro­pa­ganda ofi­cial do gov­erno que a cada min­uto nos vende o Maran­hão como o mel­hor dos mun­dos, a ONU divul­gou o IDH (índice de Desen­volvi­mento Humano). Em que pese ter havido, no aspecto geral, uma mel­hora nos indi­cadores, os números do Maran­hão ainda são sofríveis.

O Maran­hão per­manece à frente ape­nas de Alagoas, pelos dados de 2010. Dos nos­sos 217 municí­pios, ape­nas 59, prati­ca­mente um quarto, não pos­suem baixo IDH, ape­nas 4 (São Luís, Imper­a­triz, Paço do Lumiar e São José de Riba­mar), pos­suem alto IDH, nen­hum, muito alto. Os demais, 55, pos­suem IDH médio. Ape­nas para se ter uma ideia nen­hum dos nos­sos municí­pios estão entre os 100 mais desen­volvi­dos, aliás, o primeiro no rank­ing local, a cap­i­tal, ocupa a posição 249ª posição entre os 5.565 municí­pios brasileiros, ainda assim, acima da média do Maran­hão e do Brasil.

Na parte debaixo da tabela o Maran­hão se encon­tra, três quar­tos dos municí­pios pos­suem baixo IDH, qua­tro, den­tre eles, muito baixo (Fer­nando Fal­cão, Marajá do Sena, Jeni­papo dos Vieiras e Sat­ubinha). Vamos além, entre os 100 municí­pios brasileiros menos desen­volvi­dos, duas dezenas, são nossos.

Como disse ini­cial­mente, reti­rar o Maran­hão da situ­ação que se encon­tra é uma árdua tarefa, mas o cam­inho a ser seguido é o da mel­ho­ria dos serviços públi­cos, prin­ci­pal­mente a edu­cação, um dos tripés do índice. Outro, a pro­dução, como estraté­gia de ele­var a renda.

Quando o Atlas do Desen­volvi­mento apre­senta São Luís como a cap­i­tal com mel­hor acesso a edu­cação e por isso mesmo puxando o indi­cador para cima, há que se res­gatar como isso acon­te­ceu. Nas últi­mas décadas, começando com o prefeito Jack­son Lago, prosseguindo com Con­ceição Andrade, Jack­son Lago, nova­mente e seus suces­sores, houve certa pri­or­i­dade para edu­cação pública básica, que foi ampli­ada com o FUN­DEF e depois FUN­DEB. Não podemos perder de vista que os dados apre­sen­ta­dos agora foram cole­ta­dos em 2010.

No plano estad­ual tive­mos uma ampli­ação do ensino médio no gov­erno de José Reinaldo Tavares, garan­ti­ndo esse ensino em quase todos os municí­pios do estado.

Em lin­has gerais essas são as razões destes indi­cadores pos­i­tivos serem mostra­dos agora, no que se ref­ere a educação.

Os efeitos do que os atu­ais gestores realizaram e realizarão daquele ano até aqui e nos seguintes, para o bem e para o mal, serão apu­ra­dos no futuro. O que é per­cep­tível na edu­cação da cap­i­tal é que poderíamos ter avançado bem mais. Não vejo sen­tido algum que ten­hamos, por exem­plo, em pleno século 21, esco­las fun­cio­nando em asso­ci­ações comu­nitárias ou que os estu­dantes per­cam e/​ou atrasem o ano letivo por conta de infind­áveis refor­mas ou que ten­hamos esco­las caindo os pedaços, con­forme a imprensa não cansa de mostrar.

Ora, se os últi­mos gestores tivessem bus­cado recur­sos junto ao FNDE e con­struído novas esco­las e creches/​escolas den­tro do novo padrão, com certeza os dados de hoje seriam ainda melhores.

O fato de São Luís e a região met­ro­pol­i­tana apre­sen­tar essa mel­hora é farol a indicar o cam­inho. Muitos municí­pios já vêm tril­hando esse cam­inho. Temos exem­p­los de ini­cia­ti­vas que logo mostrarão resul­ta­dos sat­is­fatórios. Um dos exem­p­los de ini­cia­tiva com poten­cial exi­toso é o Municí­pio de Mor­ros, um dos mais pobres do Brasil, ocu­pando a posição 161ª no estado e a 5.225ª posição no país, bem abaixo da média estad­ual e local. Desde 2009, a admin­is­tração ini­ciou uma política de polarizar as esco­las da rede munic­i­pal elim­i­nando dezenas de esco­las com fun­ciona­mento precário, mul­ti­sse­ri­ado, em casas de far­in­has, capelas, asso­ci­ações e substituindo-​as por esco­las den­tro do padrão do MEC. Outra ini­cia­tiva é o fomento a agri­cul­tura famil­iar através de cam­pos agrí­co­las irri­ga­dos e com garan­tia de com­pra da pro­dução pelo poder público.

Como estas, exis­tem out­ras em out­ros municí­pios, que o novo gov­erno poderá incen­ti­var e espel­har em todo estado com vis­tas a mel­ho­rar os nos­sos índices.

Nos perío­dos apu­ra­dos pela pesquisa vemos que os indi­cadores mel­ho­raram, tanto os do estado quando dos municí­pios, mas ainda esta­mos muito longe, até mesmo, da média nacional. E, não podemos nos enga­nar, esses dados ainda pos­suem dis­torções. Mostram uma ele­vação de renda que sabe­mos fic­tí­cia, uma vez que com­posta dos inúmeros bene­fí­cios soci­ais que são rece­bidos pelas famílias, e que, se reti­ra­dos reduziriam parte dos avanços apontados.

O gov­er­nador eleito que se propõe a enfrentar esse desafio pre­cisa com­preen­der que o Maran­hão tem que voltar a pro­duzir. Acabar com a cul­tura do assis­ten­cial­ismo e incen­ti­var a pro­dução no campo. A pequena pro­dução que foi esque­cida nos últi­mos tem­pos. As pes­soas se acos­tu­maram, de tal forma, a rece­ber esmo­las que as agên­cias de fomento agrí­cola não con­seguem sequer cadas­trar famílias em seus programas.

Exam­i­na­dos os números, uma coisa é certa, os municí­pios, sobre­tudo os mais pobres, não têm condições de alter­arem suas real­i­dades de o apoio tanto do gov­erno fed­eral quanto do gov­erno estad­ual. Neste sen­tido é salu­tar que o gov­er­nador eleito se mostre inter­es­sado em tra­bal­har parce­rias para para enfrentar os enormes desafios.

Abdon Mar­inho é advogado.