AbdonMarinho - A HUMILHAÇÃO POR RECOMPENSA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A HUMIL­HAÇÃO POR RECOMPENSA.

A HUMIL­HAÇÃO POR RECOMPENSA.

NOS ANOS em que acom­panho a política maran­hense – e já se vão mais de trinta, segu­ra­mente –, não me recordo de ter visto uma lid­er­ança política ser tão “mal­tratada” (o termo cor­reto seria humil­hada) por seus “ali­a­dos” quanto vem sendo o ex-​governador José Reinaldo Tavares pelos atu­ais inquili­nos do poder no Maran­hão. Logo ele, a quem devem tanto.
E não é de hoje. Desde o iní­cio da gestão comu­nista, em 2015, que é assim.
Lem­bro que diante de implacáveis e injus­tos ataques que vinha sofrendo escrevi um texto em tom de apelo: “Respeitem o Zé!”. Ao que parece de pouco, ou nada, valeram os ape­los, e os ataques, inclu­sive, com agressões ver­bais, con­tin­uaram.
Alguém tem dúvi­das de onde saíram os apu­pos con­tra o ex-​governador, recen­te­mente, no aero­porto de São Luís? Não, meus sen­hores, não foram espon­tâ­neos, não foi man­i­fes­tação social. Aquilo foi coisa de “ali­ado”, o famoso “fogo amigo”. Decorre da ideia de enfraque­cer a can­di­datura dele ao Senado da República.
O mais chocante de tudo é ver o próprio gov­er­nador fazendo coro à estraté­gia de “descon­struir” aquele que o “con­struiu” politi­ca­mente, dando muito mais força ao achin­calhe e humil­hações a qual não dev­e­ria ser sub­metido ninguém, muito menos a um ali­ado de primeira hora.
No caso dele, aliás, de bem antes da primeira hora, pois sem a inter­venção de José Reinaldo, então gov­er­nador, forte junto à classe política, nen­hum dos que hoje o mal­trata estariam onde estão.
Pois é, mas o gov­er­nador se presta ao papel de “ingrato”. Primeiro, lançando, quase um ano antes do pleito, o seu “favorito”, o número um, no caso, o dep­utado fed­eral Wev­er­ton Rocha.
Só isso, a ati­tude de erguer o braço do preferido na con­venção no começo do mês de fes­tas, já era uma amostra da “humil­hação” ao ex-​governador. O sinal à mil­itân­cia, aos ali­a­dos, aos cor­re­li­gionários, um só: minha primeira opção é essa aqui. O que foi dito tex­tual­mente, com pompa e cir­cun­stân­cia.
Havia alguma neces­si­dade de fazer isso? Acaso o “preferido” fez por ele ao menos perto do que lhe fez o ex-​governador?
O engraçado (ou des­graçado) é que muitos veícu­los de comu­ni­cação – mesmo os lig­a­dos ao comu­nista –, “cobraram” a ausên­cia de Zé Reinaldo na con­venção do par­tido onde o gov­er­nador “ungiu” seu preferido.
Ora, vejam, o cidadão está, desde sem­pre, insinuando-​se como can­didato do grupo gov­ernista, e que­riam que fosse à con­venção para “homolo­gação” do “outro”. Vamos com­bi­nar que isso não faz qual­quer sen­tido, não é mesmo?
O segundo “desapreço” do gov­er­nador pelo “ali­ado” José Reinaldo, foi agora, numa entre­vista cole­tiva con­ce­dida aos jor­nal­is­tas no salão de atos do Palá­cio dos Leões.
Colho na mídia o que teria declar­ado o gov­er­nador: “— Nós temos uma pré-​candidatura ao Senado com amplo apoio do nosso campo político que é do dep­utado fed­eral Wev­er­ton Rocha […] no caso da outra can­di­datura ao Senado, isso não está tão nítido assim, porque nesse momento não há nitidez para definir quem é o favorito. Eu estou na ver­dade fazendo con­sul­tas, como fiz em 2014”.
A colo­cação do gov­er­nador deixa claro que a notí­cia divul­gada dias atrás de que teria acer­tado de lançar José Reinaldo nos próx­i­mos dias não pas­sara de uma deslavada men­tira. Se é que chegou a cog­i­tar isso na reunião com o pres­i­dente da Câmara dos Dep­uta­dos, Rodrigo Maia. Nunca pre­tendeu isso. Na ver­dade, pelo con­trário, tem ape­nas uma pré-​candidatura definida com “amplo apoio do nosso campo”. Já, a segunda, depen­de­ria de con­sul­tas.
Have­ria neces­si­dade do gov­er­nador sub­me­ter um “ali­ado” de “primeira hora” (amigo é um termo que já não cabe) como José Reinaldo, a este tipo de fala? Causar-​lhe este con­strang­i­mento? Por que não o chamou, lá atrás, e o despa­chou, deixando claro que ele jamais seria can­didato ao Senado com seu apoio? Será que pre­tende ficar “embalando-​o (assim como os out­ros) até não mais poder, enquanto seu “favorito” se for­t­alece?
Ao meu sen­tir – mas sei muito pouco de política –, o gov­er­nador e seus estrate­gis­tas agem sem submeter-​se às caute­las dos que lidam com seres humanos, com sen­ti­men­tos humanos. Não ligar para o que as pes­soas sen­tem em relação a deter­mi­nadas coisas podem trazer os maiores diss­a­bores. Falta-​lhes o “tato” político para com­preen­der. Ou, no poder, pouco ligam para isso.
Uma con­versa franca, fra­ter­nal, ainda que não acal­masse os âni­mos, cer­ta­mente traria menos insat­is­fação que esta humil­hação pública, esta vex­ação na praça.
Ao des­den­harem tanto, criam uma situ­ação que o próprio “humil­hado” teria difi­cul­dades de aceitar e ultra­pas­sar.
A mágoa sem­pre fica.
Quer dizer que vai con­sul­tar as bases? Que não há nitidez sobre um favorito para a segunda vaga? Só colo­car a expressão “segunda vaga” já é um desapreço.
O ex-​governador pode­ria lem­brar que não fez “con­sul­tas as bases” quando o tirou do “bolso do colete” para fazê-​lo dep­utado em 2006. Pelo con­trário, reuniu uma dúzia de ali­a­dos e não mediu dis­tân­cia para elegê-​lo.
Naquela época, ainda, pode­ria lem­brar, o atual gov­er­nador não se pre­ocupou com a col­oração ide­ológ­ica de José Reinaldo ou com quem esteve sua vida política inteira, as ideias que defendeu ou os votos que deu.
Assim como não se pre­ocupou nas demais vezes que este o apoiou para prefeito e nas duas vezes para o gov­erno.
Quer dizer agora que pre­cis­aria con­sol­i­dar o “apoio no nosso campo”? Afi­nal, que campo é este? Ao que se sabe, apoiando e sendo apoiado pelo atual gov­erno tem gente com todo tipo de col­oração, aliás, alguns, nem cabem na escala de cores pois são “furta-​cores”.
Con­fesso que não con­sigo enx­er­gar sen­tido no que estão fazendo com o ex-​governador, é muita humil­hação gra­tuita.
Como são “sabidos”, talvez se trate de alguma estraté­gia política.
Mas sou ser­tanejo. E no sertão temos uma crença de que o cachorro que teve o focinho “mijado” por gambá não serve para mais para caçar.
Acred­ito que os estrate­gis­tas que plane­jaram essa humil­hação ao ex-​governador estão com o faro político semel­hante ao cachorro que teve o focinho mijado por gambá.
Abdon Mar­inho é advogado.

Comen­tários

0 #1 abde­laziz aboud sant 23-​12-​2017 14:07
Meu caro Abdon,
Revoltante.Vê-se que a ingratidão não tem lim­ites.
Aziz
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