AbdonMarinho - A ESTUPIDEZ DA NÃO NOTÍCIA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quarta-​feira, 17 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

A ESTU­PIDEZ DA NÃO NOTÍCIA.

A ESTU­PIDEZ DA NÃO NOTÍCIA.

FUI SUR­PREEN­DIDO com a divul­gação, pelos prin­ci­pais veícu­los de comu­ni­cação do país de uma doação de patrimônio feita pelo pres­i­dente Michel Temer, de 75 anos ao seu filho com o mesmo nome, de 7 anos de idade.

Desde quando esse tipo de negó­cio jurídico é notí­cia a ponto de mere­cer destaque de sites como VEJA, UOL, G1, R7, Cor­reio Brasiliense, etc.? Não é, jamais foi. Não bas­tasse a o destaque dado à não notí­cia, sua divul­gação serviu de com­bustível para a guerra política que se trava no país con­tra o pres­i­dente em exer­cí­cio, prin­ci­pal­mente pelos anti­gos ali­a­dos do Par­tido dos Tra­bal­hadores. Nas redes soci­ais, gru­pos de What­sApp, o que mais teve foi des­ocu­pa­dos fazendo toda sorte de «memes» e piad­in­has infames com o infante e seu pai. Uns, mais auda­ciosos, faziam com­para­ções: diziam que o filho de Temer era igual aos de Lula.

Quanta bobagem. Quanta estupidez.

O gesto do pres­i­dente interino não só foi legí­timo quanto esper­ado. Que pai, já com idade avançada, na trataria de pro­te­ger o futuro do filho, ainda cri­ança? Os imóveis trans­feri­dos ao infante são fru­tos de crime? É disso que se trata? Não. Então o que tem de errado? Nada.

Uma outra estu­pidez que trataram de fomen­tar, ao longo do dia, foi o fato de que os bens trans­feri­dos estariam sub avali­a­dos. Neste que­sito a estu­pidez se soma a ignorân­cia. Explico. A leg­is­lação pátria veda atu­al­iza­ção dos val­ores de imóvel. Por exem­plo, se o imóvel foi com­prado ou avali­ado em 100 mil, você só pode alterar o seu valor provando que fez ben­feito­rias no valor que deseja acrescer. Basta ler os man­u­ais da Receita Federal.

A não notí­cia estúp­ida e a pos­te­rior uti­liza­ção da mesma na guerra política dos con­trários e dos favoráveis ao impeach­ment da pres­i­dente Dilma Rouss­eff ignora o fato que há uma leg­is­lação que pro­tégé as cri­anças deste tipo de exposição. Talvez, nem ten­ham se dado conta que estavam expondo e con­strangendo uma cri­ança que nada fez, que não come­teu qual­quer crime e foi envolvido neste tipo de polêmica ape­nas e tão somente por ser filho de quem é.

Não deixa de ser irônico que pes­soas acos­tu­madas a faz­erem ver­dadeiras «guer­ras» na defesa de menores que come­tem crimes, que são con­tra a redução da maior­i­dade penal, ainda que para punir crimes graves cometi­dos por ado­les­centes de 16, 16 anos, não ten­ham se dado conta que estavam expondo uma cri­ança que nada fez, que não come­teu nen­hum delito. Mais, tratando o infante como se ele tivesse cometido um delito. Um absurdo, uma enormi­dade sem paralelo.

Será que se deram conta do que fiz­eram e ainda fazem com relação a cri­ança? Será que sabem que está cri­ança pode aces­sar estas pub­li­cações onde o mesmo aparece como se tivesse cometido algum crime? Há alguma legit­im­i­dade em se crim­i­nalizar uma cri­ança de 07 (sete) anos, ainda mais quando ela nada fez?

Silên­cio igual­mente ensur­de­ce­dor foi das inúmeras enti­dades que dizem defender os inter­esses das cri­anças. A defesa só serve para deter­mi­nadas crianças?

Tam­bém não tomei con­hec­i­mento de qual­quer repri­menda por parte do min­istério público, sem­pre cioso de suas responsabilidades.

Por vezes, penso que não falta ape­nas bom senso a cer­tas pes­soas, falta, tam­bém, ver­gonha na cara.

Abdon Mar­inho é advogado.