AbdonMarinho - CONDENADOS À DESESPERANÇA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

CON­DE­NA­DOS À DESESPERANÇA.

CONDE­NA­DOS À DESESPERANÇA.

ATÉ MESMO os ali­a­dos mais fiéis do atual prefeito, ainda que não ver­bal­izem pub­li­ca­mente e, que, nem às pare­des con­fessem, recon­hecem, inti­ma­mente, que a atual gestão do prefeito Edi­valdo Holanda Junior (PDT) ficou muito aquém do se esper­ava. Não esta­mos dizendo que lhe fal­tou von­tade. Não, de forma alguma.

Quem é o gestor que não sonha fazer uma admin­is­tração que o imor­tal­ize per­ante a história? Talvez os nés­cios ou cor­rup­tos de toda sorte.

Não é o caso do prefeito. Quem o con­hece diz que é uma pes­soa inteligente, por outro lado nunca se lançou qual­quer duvida sobre a sua hon­esti­dade pes­soal. Ainda as (pou­cas) denún­cias con­tra um ou outro aux­il­iar, jamais chegaram a alcançá-​lo.

Ape­sar disso a admin­is­tração de sua excelên­cia deixa (muito) a desejar.

Dizia outro dia a um amigo que uma das van­ta­gens de tê-​lo como can­didato era ecológ­ica. Per­gun­tado o porquê, disse-​lhe: não pre­cis­ará matar uma única árvore para o pro­grama de gov­erno, usará o de 2012.

São Luís, a cap­i­tal de todos os maran­henses, enfrenta os mes­mís­si­mos prob­le­mas con­heci­dos por todos há mais de trinta anos. É o trans­porte cole­tivo que parou no tempo – andamos pelas prin­ci­pais avenidas da cidade e ainda nos deparamos com os cidadãos fazendo fila atrás de postes para escapar dos raios solares; a saúde que humilha quem dela pre­cisa; a edu­cação que ainda hoje é socor­rida por incon­táveis escol­in­has comu­nitárias; a falta de sanea­mento básico; o cresci­mento des­or­de­nado, e por aí vai.

O prefeito da cap­i­tal emb­ora con­tando com uma salu­tar parce­ria com o gov­erno do estado, não tem con­seguido pro­mover o salto de qual­i­dade que tín­hamos em mente.

Os prob­le­mas já exis­tente há trinta anos quando Gardê­nia Castelo foi eleita a prefeita, em 1986, com o pas­sar dos anos, foram sendo ampli­a­dos, sem que o poder pub­lico con­seguisse respon­der à altura.

Os desafios de hoje, serão maiores amanhã, essa é ordem nat­ural das coisas, sobre­tudo quando o poder público não se mostra capaz de enfrentá-​los.

Se per­gun­tar­mos como esper­amos que a cap­i­tal esteja daqui a cinco ou dez anos, cer­ta­mente, todos dirão que bem pior que está no momento.

A deses­per­ança é uma car­ac­terís­tica comum. E ela tem uma razão de ser.

Como vamos esperar dias mel­hores se coisas mín­i­mas não foram resolvi­das nestes anos todos?

Ape­nas para ficar nos exem­p­los mais pre­sentes na vida do cidadão: 1. São Luís até hoje não con­seguiu assumir a gestão plena con­forme deter­mi­nado pela Por­taria 2476/​GM, de 17 de novem­bro de 2004, ou seja, tem doze anos que a cidade é gestora plena do sis­tema e nunca exerceu seu papel; 2. Mais uma vez os pro­fes­sores da rede munic­i­pal estão em greve, pode apos­tar que a pauta de reivin­di­cação é mesma de sem­pre, falta de condições das esco­las, mate­r­ial e tan­tas out­ras maze­las, sem con­tar o ainda ele­vado número de cri­anças que são aten­di­das em esco­las comu­nitárias, um vex­ames que já dev­eríamos ter super­ado; 3. Ape­nas agora, no último ano de mandato, o prefeito anun­cia uma lic­i­tação para o trans­porte coletivo.

São prob­le­mas cru­ci­ais que não têm sido enfrenta­dos como deveriam.

É ina­ceitável que o municí­pio não pos­sua condições de gerir o sis­tema de saúde; não é admis­sível que em plena cap­i­tal do estado, as esco­las este­jam caindo aos pedaços e que ainda hoje ten­hamos cri­anças estu­dando em esco­las comunitárias.

Como des­graça pouca é bobagem – me per­doem os que pen­sam difer­ente –, não con­sigo enx­er­gar, nos nomes que apare­cem como pre­ten­sos can­didatos a suceder o atual gestor, ninguém com capaci­dade de fazer algo muito melhor.

Já con­hece­mos – e não sen­ti­mos saudades –, a gestão do ante­ces­sor, que tanto não fez que con­seguiu perder a eleição no cargo. Esta­mos acom­pan­hando, com pesar, a admin­is­tração que vem sendo feita pelo atual.

Os demais, assim como o atual prefeito, não con­heço nada que os desabone, mas, infe­liz­mente, são pes­soas, que não vejo com per­fil para enfrentar os imen­sos desafios de gerir uma cidade com tan­tos problemas.

Serão uma exper­iên­cia, como foi com o atual. Podemos e temos o dire­ito de fazer exper­iên­cias com uma coisa tão séria?

Infe­liz­mente, pelo menos até aqui, os par­tidos não colo­cam opções de nomes, pes­soas com per­fil téc­nico e/​ou capaci­dade com­pro­vada de gestão para con­duzir a cap­i­tal pelos próx­i­mos anos.

Os próprios par­tidos políti­cos, talvez mais pre­ocu­pa­dos com seu próprio pros­elit­ismo, seus próprios inter­esses, tam­bém não têm dis­cu­tido com a sociedade os pro­je­tos que teriam para a cap­i­tal. Nos pro­gra­mas par­tidários, sobre­tu­dos as inserções, o que vejo é o descarado uso do espaço para pro­mover este ou aquele pre­tenso candidato.

Em resumo: há uma briga de poder pelo poder. Ninguém dis­cute ou apre­senta pro­postas claras e como iriam fazer para colocá-​las em prática.

Digo isso com pesar. A cap­i­tal do estado mere­ce­ria mel­hores opções, se é que existe, diante de um quadro político/​partidário tão deteriorado.

Como disse, não é que os nomes pro­pos­tos sejam ruins, pelo con­trario, quase todos pare­cem pes­soas boas – aliás, quando me per­gun­tam sobre os nomes dis­pos­tos, digo que são todos bons… para genro ou nora, a exceção de um ou outro –, o prob­lema é que não enx­erg­amos, em nen­hum deles o per­fil ideal para diri­gir uma cidade, com tan­tos prob­le­mas em tem­pos de difi­cul­dades tão agu­das. Não acred­ito – se isso fosse pos­sível –, que des­man­chando todos, desse para fazer um bom prefeito.

São Luís, já «qua­tro­cen­tona», mere­ce­ria, muito mais. Quem sofre é o povo, con­de­nado à desesperança.

Abdon Mar­inho é advogado.