AbdonMarinho - PERÓLAS AOS PORCOS.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

PERÓLAS AOS PORCOS.

PERÓLAS AOS PORCOS.

Por opção, no ano 2000, decidi morar defin­i­ti­va­mente em sítio adquirido dois anos antes na Estrada de Riba­mar. São cerca de 34 km para ir de casa para o escritório, que, tam­bém, por opção e para fugir do tráfego, faço pelo roteiro mais dis­tante. Assim, durante os cerca de quarenta min­u­tos do tra­jeto, per­corro as prin­ci­pais rodovias estad­u­ais que cor­tam a ilha: MA’s 201, 204 e 203; aces­sando a avenida dos Holan­deses, a Litorânea, Fer­reira Gullar, até o escritório.

Em todos estes anos perdi as con­tas das vezes que vi essas rodovias, sobre­tudo, as MA’s, sendo restau­radas, emen­dadas, con­ser­tadas. Parece que as obras são feitas (ou malfeitas), já com o claro propósito de durar o menor tempo pos­sível. Só isso jus­ti­fi­caria que durem tão pouco.

Este ano de 2015, não tem sido difer­ente, o inverno ainda não chegou ao fim e o que vemos são as vias estad­u­ais (nem vamos falar nas de respon­s­abil­i­dades dos poderes munic­i­pais), pedi­rem socorro. A MA 201 (Estrada de Riba­mar) ameaçando cor­tar em alguns pon­tos e ficando intran­sitável a cada chuva mais forte; a MA 204 foi alargada e recu­per­ada no ano pas­sado, não só uma, mas duas vezes, hoje as crat­eras fazem que que os motoris­tas arrisquem a vida ao diri­girem em zigue-​zague para desviarem dos bura­cos, quase crat­eras que se for­mam. A mesma coisa acon­tece com a MA 202.

Já a MA 203 é um caso a parte. Um dos claros exem­p­los de des­perdí­cio de din­heiro público. Ano pas­sado anun­cia­ram com fan­far­ras a dupli­cação da referida em MA no tre­cho entre a Avenida dos Holan­deses até a con­fluên­cia com a MA 204. A obra, com recur­sos do min­istério do tur­ismo, foi orçada em 30 mil­hões de reais, o que rep­re­sen­tava a bagatela de 10 mil­hões de reais por quilômetro.

Cerca de um ano depois do ini­cio da obras, a dupli­cação encontra-​se incon­clusa e a parte que foi feita, com o asfalto cedendo em quase toda a extensão.

Trata­mos diver­sas vezes deste obra, mostrando que não aten­dia as neces­si­dade do tráfego, a qual­i­dade da obra, o excesso de postes, o tipo de base, etc. Tudo que apon­tei está acon­te­cendo hoje.

Não é que entenda de obra, longe disso, é que bas­tava um mín­imo de bom senso, visão e um pouco de dis­cern­i­mento para perce­ber que o din­heiro público iria emb­ora nas primeiras chuvas.

Difi­cil­mente a recu­per­ação da rodovia será sat­is­fatória sem uma nova inter­venção na base, no sis­tema de com­pactação, pois com tráfego pesado de ônibus e cam­in­hões o asfalto vai voltar a ceder, como aliás já vem ocorrendo.

Ora, não faz nen­hum sen­tido que uma obra que cus­tou dez mil­hões por quilômetro não suporte um inverno.

Trata-​se de um escárnio com a pop­u­lação que está deste o começo do ano e ficará ainda esse resto de mês tra­bal­hando ape­nas para pagar impostos.

O exem­plo citado acima não é uma exceção, é a regra, e mostra clara­mente o zelo dos gov­er­nos com as obras públicas.

Temos uma obra cara, na cap­i­tal do estado que se des­man­cha antes de ser inau­gu­rada, antes, sequer, de colo­carem todos os postes de ilu­mi­nação (tudo bem, os postes são exces­sivos), por onde as autori­dades cos­tu­mam pas­sar. A obra está se des­man­chando sem que ninguém diga nada, como se isso fosse uma coisa normal.

Se na região met­ro­pol­i­tana da cap­i­tal a situ­ação que se desenha é essa, no inte­rior é bem pior.

Quando a gov­er­nadora e seus secretários anun­cia­ram entre 2013 e 2014 o inves­ti­mento de bil­hões de reais lig­ando por asfalto as sedes dos municí­pios e recu­per­ação, urban­iza­ção de muitas cidades, alertei que estava em curso uma san­gria bil­ionária dos cofres públi­cos, pois o corpo téc­nico estad­ual não teria condições de fis­calizar essas obras.

As obras seriam fis­cal­izadas pelos próprios empre­it­eiros, quando muito apare­ce­ria algum fis­cal público quando a obra já estivesse pronta. Não tem como isso fun­cionar. Ninguém sabe como se faz a base das obras, qual a quan­ti­dade e o tipo de mate­r­ial que usam.

O resul­tado é esse que esta­mos vendo.

As noti­cias que nos chega do inte­rior, a exem­plo do que ocorre na região met­ro­pol­i­tana é que, ressal­vadas algu­mas exceções, as obras de asfal­ta­mento de rodovias e de vias urbana, onde foram investi­dos bil­hões, não têm resis­tido ao inverno, que este ano nem está tão intenso. Mais um pre­juízo nas finanças, já com­bal­i­das, do Maranhão.

Essa tem sido a tônica nos últi­mos anos: gasta-​se muito para resul­tado nen­hum. Não tem havido pre­ocu­pação dos gestores em faz­erem obras com qual­i­dade, que passem a ger­ações futuras.

A qual­i­dade piora na mesma medida avançam os recur­sos tec­nológi­cos. Vejam os exem­p­los desta dupli­cação, da Via Expressa, IV Cen­tenário, todas, nem chegaram a ser entregues como devia e já pre­cisam sofrer inter­venção, emen­das, recu­per­ação. Vejam o exem­plo do espigão da Ponta D’ Areia – inau­gu­rado e apre­sen­tado como novo ponto turís­tico da cap­i­tal –, total­mente tomado pela areia. Erro de pro­jeto? Exe­cução? A única coisa que sabe­mos é que a conta será do cidadão.

Ainda no começo do gov­erno escrevi sobre a neces­si­dade de con­tratarem uma audi­to­ria externa para exam­i­nar tudo que foi feito no Maran­hão nos últi­mos anos, prin­ci­pal­mente com os recur­sos toma­dos de emprés­ti­mos que, pelo vol­ume, daria para fazer grandes obras estru­tu­rais, entre­tanto o que esta­mos vendo é que serviu ape­nas para enricar alguns e deixar o povo na lama.

Abdon Mar­inho é advogado.