AbdonMarinho - DILMA SE VESTE DE MARIA ANTONIETA.
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

DILMA SE VESTE DE MARIA ANTONIETA.

DILMA SE VESTE DE MARIA ANTONI­ETA.
His­to­ri­adores sérios ques­tionam se a frase atribuída a Maria Antoni­eta: “Se não têm pão que comam brioches”, suposta­mente pro­ferida nos tumul­tos que cul­mi­naram com a Rev­olução Francesa e deposição do antigo régime, isso lá pelos idos de 1789, foi, efe­ti­va­mente dita e se por ela. Dita ou não, a frase pas­sou a sim­bolizar a alien­ação dos gov­er­nantes em relação ao sen­ti­mento e neces­si­dades do povo. Maria Antoni­eta sim­boli­zou tão bem esse dis­tan­ci­a­mento que a ela foi atribuída a frase e para ela fosse canal­izado todo o ódio da pop­u­lação, sendo mais odi­ada em toda França que o próprio monarca. Com ou sem razão, dizem muitos livros de história, atribuíram-​lhe todos os males e infortúnios do povo.
Vendo os últi­mos números, os que aferem a aceitação e apoio à pres­i­dente Dilma, nos quais ape­nas 12% (doze por cento) acham seu gov­erno bom ou ótimo e 64% (sessenta e qua­tro por cento) ruim ou pés­simo, não pude deixar de lem­brar dos acon­tec­i­men­tos propul­sores daquela que foi a maior das rev­oluções.
Ao que lem­bre, nunca antes na história desde país, ao menos desde sua rede­moc­ra­ti­za­ção em 1985, um gov­er­nante obteve avali­ação tão des­fa­vorável. Ainda mais, quando con­sid­er­amos o fato de ter acabado de ren­o­var o mandato. São números, sob qual­quer aspecto que os exam­inemos, cat­a­stró­fi­cos.
Para a pres­i­dente, são ainda piores, pois, como Maria Antoni­eta – ao menos como retratada no senso pop­u­lar – teima em igno­rar o sen­ti­mento pop­u­lar. Quando fez um pro­nun­ci­a­mento em 8 de março e mobi­li­zou man­i­fes­tações de repú­dios, através de “pan­elaços”, saíram para ofen­siva, dizendo tratar-​se dos ricos, egoís­tas, que batiam as pan­elas con­tra os grandes avanços soci­ais do seu gov­erno, opor­tunistas, cox­in­has, desaver­gonhados, a turma das varan­das gourmet; quando quase dois mil­hões de brasileiros foram às ruas gri­tando “fora Dilma”, “fora PT”, dois de seus min­istros fiz­eram os pro­nun­ci­a­men­tos mais ver­gonhosos da história do país, chegando inclu­sive a dizer que os man­i­fes­tantes que foram às ruas eram os eleitores do adver­sário e que não rep­re­sen­tavam o pen­sa­mento do povo brasileiro. Como vemos, a pres­i­dente e seu séquito, sequer sabem quem e o porquê dos protestos que gan­ham as ruas e praças e os debates de porta de bares em todos os can­tos do país. Se não sabem, como poderão apre­sen­tar algo que arrefeçam os âni­mos?
Nos dias que se seguiram à man­i­fes­tação de 15 de março, a pres­i­dente requen­tou uma pro­posta de com­bate à cor­rupção que na leitura de alguns ben­e­fi­cia os cor­rup­tos.
Não ficou nisso. Entre­gou uma pasta de min­istro a alguém do seu par­tido que quer o con­fronto social, con­forme as declar­ações que anda dando.
O gov­erno, a pres­i­dente e o seu par­tido atribuem ao povo a respon­s­abil­i­dade pelos descam­in­hos que tomou o país. Nem citarei aqui a pil­héria que disse de que, após 12 anos no poder, o respon­sável pela cor­rupção na Petro­bras, foi o FHC. Tão risível que virou piada.
Esta­mos diante de pes­soas que, envaide­ci­dos pelo poder, igno­ram o que se passa no seio da sociedade, nas ruas. O que choca é que vieram das ruas, das uni­ver­si­dades, dos movi­men­tos pop­u­lares, foram os campeões das ruas por décadas. Agora, não sabem inter­pre­tar o sen­ti­mento o povo.
O gov­erno exige sac­ri­fí­cios do povo, fala em aumen­tar impos­tos, em reduzir, ainda mais, os repasses a esta­dos e municí­pios, mas é inca­paz de apre­sen­tar soluções para os gas­tos públi­cos do gov­erno. Ape­nas em 2014, a máquina pública con­sumiu 400 bil­hões de reais com paga­mento de salários, ressal­va­dos os servi­dores públi­cos que efe­ti­va­mente tra­bal­ham, sabe­mos que parte desses recur­sos servi­ram para sus­ten­tar os par­a­sitas do estado, as mil­hares de nomeações com car­gos comis­sion­a­dos, muitos deles sem qual­quer ser­ven­tia e que têm como razão de exi­s­tir, o apar­el­hamento do estado pelo par­tido.
São trinta e nove min­istérios – acho que não chegaram a quarenta para não virarem mais uma piada, do tipo, Dilma e os quarenta min­istros –, sec­re­tarias com sta­tus idên­ti­cos, grande parte para aten­der inter­esses dos apanigua­dos, servir de bal­cão de negó­cios ou, pior, para aten­der inter­esses de cunho político/​ideológico.
Não é seg­redo a ninguém a cor­rupção endêmica que assola o país. Não se trata de uma propina aqui e ali, esta­mos falando de uma máquina de cor­rupção insta­l­ada no coração do poder para drenar recur­sos públi­cos para con­tas de políti­cos e par­tidos. Tudo isso já con­fes­sado pelos oper­adores do esquema. Uma rede de cor­rupção tão desen­f­reada que o sub do sub tinha sob sua guarda US$ 97 mil­hões de dólares para devolver no acordo de delação pre­mi­ada. A afronta chega ao ponto do Sr. Dirceu rece­ber por “con­sul­to­ria\» enquanto cumpria pena.
São tan­tos os escân­da­los que o cidadão comum sequer tem tempo de acom­pan­har. Tudo isso ocor­rendo e o gov­erno insistindo na tese de colo­car raposas para vigiar o gal­in­heiro. Ten­tando pro­te­ger cor­rup­tos e aliviar a barra dos políti­cos ali­a­dos.
Enquanto nós, cidadãos do povo, começamos a enx­er­gar todo o des­man­telo e incon­sistên­cia do gov­erno, este parece igno­rar o que se passa do nosso lado: a inflação descon­tro­lada, os juros nas alturas, o cresci­mento neg­a­tivo.
Em resumo, pag­amos a conta pelos desac­er­tos do gov­erno e da pres­i­dente e ela acha que não temos o dire­ito de protes­tar, de pedir, den­tro lei, que saia do gov­erno.
O povo brasileiro sente na pele as con­se­quên­cias da cor­rupção, da inação, da falta de pro­jeto para país, da cares­tia, dos juros altos. Enquanto sofre­mos tudo isso, os donos do poder se refeste­lam no poder. Dilma virou uma espé­cie, mal com­para­ndo, de Maria Antoni­eta do Planalto. O povo recla­mando da cares­tia, da falta de saúde, edu­cação, segu­rança e ela fin­gindo que nada acon­tece, man­tendo uma máquina pública que san­gra os cofres da nação em quase meio tril­hão de reais/​ano, omissa, no mín­imo, diante da cor­rupção que só na Petro­bras cau­sou um pre­juízo de quase U$$ 100 bil­hões. Aí, acha bonito jogar a conta no colo dos tra­bal­hadores, dos setores pro­du­tivos da sociedade.
A história não me deixa men­tir: por muito menos isso, estariam todos nas ruas pedindo ao gov­erno que saísse, que fosse reti­rado, que hou­vesse uma rev­olução san­grenta.
Encerro com­par­til­hando uma história pes­soal.
Nos fins de sem­ana e feri­ados recebo aula de lín­gua estrangeira com um dos meus afil­ha­dos, que, gen­til­mente, vem ministrá-​las em minha casa (coisa de papa­gaio velho que teima em querer falar). Outro dia, no inter­valo da aula, ele disse que na noite ante­rior havia tido um pesadelo. Perguntei-​lhe sobre o que fora o pesadelo, logo pen­sando em afoga­mento, bicho papão, cenas de ter­ror, etc. Ele respondeu-​me, disse que son­hara chegando ao posto de com­bustíveis e encon­trando a gasolina a R$ 4,00 o litro e ele só tendo R$ 10,00 no bolso. Com­ple­tou dizendo que acor­dara em pânico.
Vejam, vive­mos em que a política do gov­erno causa pesade­los aos jovens, aos homens, mul­heres e a todos os tra­bal­hadores, pois ninguém sabe se o salário dará para abaste­cer a coz­inha todo o mês. Logo mais as donas de casa começaram a ter pesade­los com os super­me­r­ca­dos, começarão a esto­car ali­men­tos como se fazia na década de oitenta.
Protes­tar é um dire­ito e um dever da cidada­nia. Dia 12/​04, eu vou.
Abdon Mar­inho é advogado.