AbdonMarinho - EXCELÊNCIAS, AO TRABALHO!
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Terça-​feira, 16 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

EXCELÊN­CIAS, AO TRABALHO!

EXCELÊN­CIAS, AO TRABALHO!

Meu pai cos­tu­mava dizer que cabeça vazia era ofic­ina do Diabo. Acho que estava acober­tado de razão. Só o ócio jus­ti­fica que os dep­uta­dos estad­u­ais e toda a classe política do Maran­hão se ocupe de uma dis­cussão tão inócua quanto essa em torno da sucessão da gov­er­nadora, caso venha a renunciar.

A primeira coisa que deve­mos nos per­gun­tar sobre o assunto é: Qual a neces­si­dade da gov­er­nadora renun­ciar fal­tando menos de um mês para o tér­mino do mandato? Nen­huma. Até onde se sabe, a gov­er­nadora, graças a Deus, esbanja saúde – ao menos foi assim que a vi nas ima­gens difun­di­das pelos veícu­los de comunicação.

Não faz nen­hum sen­tido que queira renun­ciar para não pas­sar a faixa ao gov­er­nador eleito. Vive­mos numa democ­ra­cia e o suces­sor foi ungido pela inques­tionável von­tade maio­ria dos eleitores do Maran­hão, logo, ela, como primeira servi­dora do povo e da democ­ra­cia, dev­e­ria quedar-​se à essa von­tade e hom­e­nagear a democ­ra­cia pas­sando, civ­i­lizada­mente, o gov­erno, ao sucessor.

A outra hipótese é que seria uma hom­e­nagem ao pres­i­dente da Assem­bléia. devo lem­brar que os nos­sos dias não com­por­tam mais essas hom­e­na­gens, que em último caso resvalará em algum tipo de despesa ao con­tribuinte. Esse tempo de priv­ilé­gios e abu­sos já pas­sou. Não é aceitável, nem do ponto de vista da legal­i­dade, nem da moralidade.

Não se dis­cute aqui se a gov­er­nadora pode ou não renun­ciar. A renún­cia é ato uni­lat­eral de von­tade. Entre­tanto não deixa de ser mesquinho que ocorra essa mudança sem uma moti­vação con­sis­tente. Servi­dores públi­cos devem sope­sar suas ações den­tro dos inter­esses maiores da cole­tivi­dade. Não tem sen­tido uma mudança vol­un­tária no comando do Estado do Maran­hão para aten­der meros capri­chos pessoais.

Se não tem razão legal ou moral para renún­cia da gov­er­nadora, menos razão existe para esse clima de con­spir­ação e debates que tomou conta da Assem­bleia Legislativa.

Vamos aos fatos. Vá que a gov­er­nadora renun­cie ao man­dado, con­forme alardeado. O pres­i­dente Assem­bleia assume o mandato interi­na­mente. Fal­tando menos de trinta dias não neces­si­dade de uma nova eleição ou que venha a ser investido dire­ta­mente no cargo de gov­er­nador em caráter defin­i­tivo, como propõe um dos pro­je­tos de emen­das à Con­sti­tu­ição. Perderem tempo com esse tipo de debate não é ape­nas risível é ver­gonhoso aos olhos da pop­u­lação, do Maran­hão e do Brasil.

No começo do ano, com a pos­si­bil­i­dade da gov­er­nadora renun­ciar para dis­putar um novo mandato ele­tivo, mudaram a Con­sti­tu­ição para colo­car que eleição indi­reta seria feita depois de trinta dias. Naquele momento dis­seram que era uma lacuna ina­ceitável. Agora falam nova­mente em mudar para per­mi­tir uma investidura direta ou uma eleição dez dias após a vacância.

Caso isso ocorra, o gov­er­nador eleito pelo par­la­mento ficará pouco mais de dez ou vinte dias. É de se per­gun­tar o que falta aos nos­sos par­la­mentares é o que fazer? Se estão acometi­dos por tanto ócio, se não tem nada acon­te­cendo no Maran­hão? Talvez não tenho sabido dos mil­hares de cadáveres, dos quais, quase mil, na região met­ro­pol­i­tana de São Luís que os per­mi­tam perder tempo com isso.

Não con­sigo enten­der que razão teria o pres­i­dente da Assem­bleia Leg­isla­tiva para renun­ciar ao mandato de dep­utado para ocu­par o gov­erno por menos de trinta dias, se pode­ria fazer isso e voltar para com­ple­tar seu mandato de dep­utado que ter­mina em 31 de janeiro de 2015. Vaidade em dizer que foi gov­er­nador? Almeja alguma pen­são com isso? Não creio. Ele mesmo já disse que não.

Pois bem, se o pres­i­dente da Assem­bleia Leg­isla­tiva não gan­hará, dire­ta­mente, nada com sua investidura defin­i­tiva no cargo de gov­er­nador, o mesmo não podemos dizer do seu suplente. Este, na hora que o tit­u­lar sair do mandato, dev­erá ser empos­sado para ficar trinta dias, durante o recesso, como dep­utado, por esse “tra­balho” fará jus a salários, verba ind­eniza­tória e out­ros pen­duri­cal­hos do cargo. Uma pequena conta a ser pen­durada na costa do contribuinte.

Não faz muito tempo, ainda esta­mos com as palavras na memória, ouvi­mos dezenas de can­didatos falarem que defend­e­riam os cidadãos, os inter­esses da sociedade. Den­tre eles, muitos que estão no mandato. O que fazem agora? Uma coisa este­jam cer­tos. Podem fazer tudo, menos defend­erem os inter­esses da sociedade. Essa guerra toda não deve está ocor­rendo sem alguma razão e esta, cer­ta­mente, está muito longe dos inter­esses dos cidadãos.

Ao povo do Maran­hão não inter­essa que a gov­er­nadora renun­cie ao seu mandato, prin­ci­pal­mente, que a renún­cia ocorra sem uma razão ou motivo a lhe jus­ti­ficar que não o capri­cho de ordem pes­soal. Ao povo do Maran­hão não inter­essa que a Assem­bleia gaste o tempo que pode­ria ser gasto com os temas que afligem a todos os maran­henses, com esse tipo de debate, tolo, inócuo e desprovido de razão.

Suas excelên­cias pre­cisam ouvir as ruas. Esta­mos cansa­dos de pagar fábu­las em salários e van­ta­gens para teste­munhamos esse tipo de bobagem. Suas excelên­cias pre­cisam se ocu­par dos inter­esses do Maran­hão e aos invés de seus próprios inter­esses. Suas excelên­cias foram eleitas para para tra­bal­harem a favor do povo e não para con­fab­u­lar con­tra o povo.

Pensem nisso!

Abdon Mar­inho é advogado.