AbdonMarinho - ROSEANA QUER MESMO LOBÃO FILHO?
Bem Vindo a Pag­ina de Abdon Mar­inho, Ideias e Opiniões, Quinta-​feira, 18 de Abril de 2024



A palavra é o instru­mento irre­sistível da con­quista da liber­dade.

ROSEANA QUER MESMO LOBÃO FILHO?

ROSEANA QUER MESMO LOBÃO FILHO?

Os veícu­los de comu­ni­cação que fazem a cober­tura política são, na sua maio­ria, mais difu­so­ras de boatos, que pro­pri­a­mente, a ver­dade dos fatos ou das fatos que ocor­rem nos basti­dores do poder. E, con­forme a con­veniên­cia da ala política que defende, as infor­mação difun­di­das pas­sam é longe do que poderíamos chamar de ver­dade. Como ocorre em toda eleição, criou-​se a ver­dade de cada um. Assim, emb­ora insis­tentes os boatos sobre os desen­tendi­men­tos entre a atual inquilina do Palá­cio dos Leões e o seu can­didato ofi­cial ao gov­erno do Maranhão.

A última aparição da gov­er­nadora com o can­didato, até onde sei, foi dia 22 de julho. Neste dia parece que que o clima era de con­frat­er­niza­ção, tanto que a gov­er­nadora posou com o can­didato ao gov­erno, ao senador e mais algu­mas dezenas de prefeitos fazendo a saudação nazista. Se em política um dia é uma eternidade o que dizer de quase uma semana?

O que se noti­cia é que após o mise-​en-​scèné o clima voltou a arder entre os ali­a­dos. Será verdade?

Não con­heço ou tenho relação com quais­quer dos per­son­agens e tam­pouco tenho infor­mações sobre o que se passa nos intra­muros pala­cianos, entre­tanto, os fatos me sug­erem inda­gar a per­gunta do título: \«Roseana quer mesmo Lobão Filho?\»

Podemos ir além e inda­gar até onde iria seu inter­esse em batal­har a árdua guerra eleitoral para fazê-​lo gov­er­nador e o que gan­haria com isso?

Vamos aos fatos.

O sub­grupo da gov­er­nadora, como é sabido de todos, pos­suía um can­didato, o ex-​prefeito de São José de Riba­mar, Luís Fer­nando Silva. O pro­jeto de ren­o­var o grupo através de alguém de fora do con­glom­er­ado famil­iar já vinha desde a primeira eleição dele no municí­pio bal­neário. À frente do municí­pio, por méri­tos próprios, mas tam­bém com grande ajuda do staff sar­ne­y­sista em Brasilia, pos­si­bil­i­tando que o prefeito de um municí­pio cas­ti­gado por admin­is­trações desas­trosas e de pou­cas real­iza­ções viesse a tornar-​se um mod­elo de gestor público.

Alçada ao gov­erno por conta da cas­sação do gov­er­nador Jack­son Lago, Roseana, logo que pode, fê-​lo renun­ciar ao mandato de prefeito, para o qual fora reeleito, trazendo-​o para o gov­erno na condição de escol­hido para a sucessão. Aumentando-​lhe o poder à medida que a eleição se aproximava.

Até renun­ciar à indi­cação da can­di­datura e ao cargo secretário, exceto por alguns nichos, Luís Fer­nando era o gov­er­nador de fato do Maran­hão. E seria de dire­ito, pela von­tade da gov­er­nadora, não fosse a guerra pelo poder den­tro do grupo que sepul­tou o sonho de dis­putar o mandato de gov­er­nador no cargo, como can­didato a reeleição. Para isso a gov­er­nadora moveu as pedras cer­tas, fez o vice-​governador renun­ciar e assumir o cago de con­sel­heiro do TCE e nego­ciou até o lim­ite do aceitável sua própria renún­cia. O pro­jeto ficou na intenção e na frus­tração de alguns, pois, como sabe­mos, não deu certo.

O jogo bruto de intri­gas e traições visando a descon­strução da can­di­datura de Luís Fer­nando, começara bem antes, acho que desde que os diver­sos sub­gru­pos começaram a perce­ber que em um gov­erno dele não teriam a mesma desen­voltura para os \«negó­cios\» que tem na atual for­matação e que pode­riam ter se fosse o outro o can­didato do grupo.

Já em julho/​agosto começaram a “puxar o tapete” do can­didato pre­vi­a­mente escol­hido pela gov­er­nadora, atingindo seu ápice em março/​abri de 2014, quando o can­didato viu que não reuniria as condições para ser can­didato ainda que con­tasse com a gov­er­nadora como madrinha no cargo.

Ora, como visto, o can­didato do sub­grupo da gov­er­nadora den­tro grupo Sar­ney era outro. Roseana e mais a “tor­cida do Fla­mengo, Vasco, Corinthi­ans e do Sam­paio”, jamais cog­i­taram a can­di­datura do senador Lobão Filho. Aliás, ninguém com exper­iên­cia política ou que acom­panha a história do estado ousara imag­i­nar a can­di­datura. Quando ele se ensaiou para candidatar-​se ao senado já se achou que era brin­cadeira, ao gov­erno, nem se fale. Uma grande parcela da sociedade, da oposição, da situ­ação e os cidadãos comuns, ainda não acred­i­tam pia­mente que a can­di­datura dele seja para valer, acham que renun­ciará e será sub­sti­tuído. Há até quem acred­ite que o próprio Luís Fer­nando possa ainda vir a ser candidato.

Logo que a can­di­datura do senador foi lançada – prin­ci­pal­mente por este lança­mento ter sido artic­u­lado pelas raposas mais felpu­das da política maran­hense e nacional, Sar­ney, Lula, Lobão Dilma e out­ras estre­las –, imag­inei que a can­di­datura fosse uma escolha téc­nica, escu­d­ada em pesquisas qual­i­ta­ti­vas, em uma artic­u­lação plane­jada passo a passo, voto a voto, com todas as minú­cias que um empreendi­mento de alto risco requer. A par­tir de uma declar­ação do senador Lobão, uma das fig­uras mais argutas da política nacional, pas­sei a ques­tionar se essa escolha fora mesmo téc­nica. A declar­ação de amor extremo que para muitos pare­ceu um fato a agre­gar mais qual­i­dade. A mim, ao menos, pare­ceu que a can­di­datura fora mais uma escolha emo­cional que téc­nica. Como uma espé­cie de pre­sente de um pai extremoso a um filho querido. Um ato de amor devotado a igno­rar defeitos. A beleza vista pelos olhos de quem ama.

Os vários des­en­con­tros entre a gov­erno e a can­di­datura, as críti­cas áci­das do can­didato ao gov­erno, inclu­sive com dando infor­mações capazes de con­stranger a gov­er­nadora parece com­pro­var isso. O can­didato, até aqui não tem con­seguido se aju­dar ou a aju­dar a cam­panha, os aux­il­iares menos ainda, basta ver as peças pub­lic­itárias com o can­didato com a “mão grande” sobre o Maran­hão cul­mi­nado com o mau gosto da saudação nazista por onde passa.

Se por um lado o can­didato mais se atra­palha que ajuda, por outro, o gov­erno não tem cumprido com suas “obri­gações\» com a can­di­datura ofi­cial ou seja o gov­erno ape­sar dos recur­sos em caixa não tem cor­rido com as obras que pode­riam moti­var a \“trupe\» do can­didato ofi­cial na defesa do gov­erno. O que se vemos, em quase todo o Maran­hão, são as obras públi­cas, dezenas delas com ordens de serviços assi­nadas desde o começo do ano, par­al­isadas ou sendo feitas a passo de cágado, sem con­tar com a qual­i­dade que fica devendo ao sofrível. Ape­sar disso, justiça seja feita, tanto a par­al­isação, qual­i­dade ou falta de paga­men­tos, não se deve tanto por “culpa” de Roseana. Na ver­dade, faz tanto tempo que ela exerce o mandato ape­nas no aspecto for­mal, que com a saída de Luís Fer­nando que era o gov­er­nador de fato – com as ressal­vas de alguns nichos, como é o caso da saúde, onde o secretário abriu até mão de uma eleição certa para dep­utado para con­tin­uar no comando pelo tempo que ainda durar o gov­erno da cun­hada –, que não sabem como “tocar o barco” que fora pro­gra­mado por e para o outro. A chi­adeira dos empresários, prefeitos e demais ali­a­dos é grande, muitos, como não recebem nada, têm medo de tocar as obras con­tratadas e não rece­berem. Como isso, as moedas não tilin­tam nos caixas das campanhas.

Com a saída da pes­soa que man­dava e o fato de não terem encon­trado alguém para exercer esse papel, o gov­erno tem se ressen­tido disso, desta falta de comando, de alguém que coloque a máquina para fun­cionar no ritmo que vinha fun­cio­nando ou algo bem aproximado.

O que resta saber – e acho que é isso que o can­didato pensa –, se ao insi­s­tirem na par­al­isia do gov­erno, isso é feito para prejudicá-​lo, com delib­er­ada intenção, pois ape­sar do jogo de cena, da gov­er­nadora até haver se com­pro­metido com a saudação nazista, as coisas con­tin­uam sem acon­te­cer. Leia-​se: repasse das obras con­ve­ni­adas aos municí­pios, paga­men­tos aos empre­it­eiros, pressão do gov­erno sobre os ali­a­dos, e out­ras coisas mais.

Quando a gov­er­nadora, não tendo con­seguido con­duzir a eleição indi­reta para o seu pro­jeto, decidiu ficar no gov­erno, disse que ela não pen­duraria seus sap­at­in­hos, de grife, claro, que ninguém é de ferro, nesta eleição. Ia além, dizia que ela pre­tende voltar a se can­di­datar aos gov­erno em 2018, desta vez numa arru­mação com a outra ala da família, a Murad.

Den­tro desta per­spec­tiva faz sen­tido a insat­is­fação e as críti­cas que faz o can­didato a inér­cia do gov­erno em relação a sua campanha.

Numa even­tual vitória de Lobão Filho ficaria impos­sível para ela em con­sór­cio com os Murad retornarem ao gov­erno. O que não acon­te­cerá caso a vitória de Flávio Dino. Dependo do seu gov­erno as chances dela se ampliam, prin­ci­pal­mente, se a mudança propal­ada, até aqui o prin­ci­pal eleitor da oposição, não ocor­rer ou ficar muito aquém do esper­ado. Talvez Roseana esteja apo­s­tando no fra­casso da oposição no gov­erno. Estará certa?

Abdon Mar­inho é advogado.